terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Retrospectivas treinos rumo à realização Expedição. Velho Chico de Bike

“O Triunfo da Conquista”.


“Nem sempre é só pedalar, existe muito mais, quando se coloca a alma, o coração e o celebro como uma equipe buscando os assuntos minuciosos por onde passa na Natureza” “O Náufrago”12122012...
Entre 7 de agosto de 2015 a 7 de janeiro de 2016 (mês a mês, 150 dias... Foram 3.339km em 50 treinos... Tive a oportunidade em criar dezenas de trilhas (por pedalar solitário, inventei trilhas, onde não passam carros nem pessoas ou de pouco movimento e longe do perímetro urbano, para prevenir-me de alguns seres humanos maldosos), com distancias de 10km a 136km (sendo que pedalei 240 km, com altimetria acumulada em subidas de 4800 metros, o maior pedal em 34 horas, com intervalo de 14 horas)... Alguns pedais em sequências e intervalos curtos de horas, outros, de até três dias consecutivos (com intervalos de descanso).... Pedalei sem parada, em ritmo de 21kph, por 50km, em estrada de terra com altimetria em ganho de subida de 1.000m... Foi pedalado em todos os períodos das 24h, em diversas temperaturas, tipos de terrenos e asfalto... convivi e interagi com centenas de ciclistas nos desafios (100km em dupla - Claudio Santos - Pedal Sem Fronteira... Estrada Colonial 100km - Julien S Hark - Trator Do Cerrado... Extremo II 104km - Avair Boaventura - Corumbikes... Rod Off Caldas Novas 111km - Reginaldo Moronte - Bike Aventuras ... Santo Antônio a Pirenópolis 102km - Shis Bike... Cavalo Doido Gama a Pirenópolis 136km - Flavio Martins - Amigos... Caminho da Fé 128km Padre Bernardo a Moquém - SOLITÁRIO... Luziânia a Maniratuba 115km - SOLITÁRIO)... Em alguns treinos, fui auxiliado pelos ciclistas ( Edson Luiz, José Carlos Magalhães, Alexandre Castro e Jean Mota Feitosa Mota – obrigado a todos), mas também, SOLITÁRIO, pedalei muitas trilhas (entre 10km a 128km)... Pedalei com fortes (aprendi que querer ser forte, teria de pedalar com os fortes, onde tirei a conclusão, que não sou tão fraco, mas com eles, observei técnicas e não tive vergonha em perguntar como poderia tê-las)...
A BICICLETA deu alguns “pitis” (câmaras, relação, corrente, pneus, pastilhas de freio, uma roda quebrada e selim detonado), mas o que ficaria caro, a garantia da peça (mesmo com dois anos de uso e mais de 10.000km, foi aceita - graça a boa vontade do Aclesio Souza -Novim, do Flavio Martins (e da fabricante) esses amigos nota 10 da Loja Shis Bike), como também, o Nei, proprietário da loja, que facilitou o pagamento da reposição das peças... Perdi também, o medo em por a mão na bicicleta e sair de uma pane...
E EU... Foram vencidas assaduras, pelos inflamados, machucados decorrente de acidentes com arames, espinhos, coroa, galho de árvores, pedras e fatos hilários, com choques nas mãos, pernas e genitália causados em arames de algumas cercas eletrificadas em pastos de fazendas, sobrevivi a falta de dinheiro com improvisos e tiveram dias de pedalar só com o psicológico, pôs, o corpo não correspondia a minha vontade...
Deus deu-me muita proteção em livrar-me dos maus feitores, das serpentes, dos meus instantes de irresponsabilidade em cima da bicicleta... Deus deu-me muita saúde... AMÉM...
Eu vi... Vivo e alguns mortos: Araras, pombas, perdizes, trinca-ferros, canários, joões-de-barro, pica-paus, bois, vacas, bezerros, carneiros, cavalos, cobras, peixes, tatus, gaviões, sabiás, borboletas, libélulas, urubus, lobo Guará, raposa, nuvens de grilos, de abelhas e alguns maribondos, diversas seriemas, periquitos, tiú, cutia, búfalos, mulas, jumentos, papagaios, tucanos, macacos pregos, macacos sonhins, veados campeiros, Tamanduá bandeira, corujas, patos do mato, cachorros, gatos, garças e muitas outras espécies da fauna e domesticadas...
Surpreendi ao ver uma cadela vira-lata carregando seu filho na boca para protegê-lo, pássaros filhotes aprendendo a voar e entristeci com um tucano comendo filhote em um ninho... Mas é a LEI de sobrevivência e instinto dos irracionais...
OUVI DIVERSOS CANTOS DE PÁSSAROS AO AMANHECER... Namorei diversos nasceres do sol e da lua... Até vi o sol e a lua ao mesmo tempo...
“Quando vivenciamos o nascer do dia, em uma trilha, significa que haverá uma jornada longa em seu ciclo..." "O Náufrago"12122012....
Vi a colheita e o replantar de plantios de milho, soja, soyo, grama, feijão e hortaliça... Passei por plantações de eucalipto e pomar de frutos cítricos... Admirei um pé de mandioca gigante (que mais parece uma árvore de médio porte)...
Trilhei em lugares históricos como: o “Quilombo do Mesquita” passando nos quintais dos quilombos (onde se pede um copo d’agua e nos oferecem litros de água bem geladinha), no “Rego das Cabaças” feito por escravos no século XVIII, Caminho da Fé Moquém.... Êh! Também, hilário, como passar por uma ponte pegando fogo ou sair de uma trilha pelo portal do cemitério (ainda bem que saindo!!!) e também, ver uma igreja sem porta... Pedalei em terras alheias passando por lugares improváveis de pedalar, talvez ninguém tente ir lá, como também, fui convidado por fazendeiro a trilhar em sua fazenda (ali tomei café, leite, pinga, água mineral e degustei queijos frescos e frutas mangas e uma rara, “Jenipapo”)... Dentre as trilhas, a Trilha Romualdo é batata em encontrar amigos ou fazer amigos, além de ter um MIRANTE com vizu magnífico, onde você dar bom dia ao Sol, a Natureza e todos chefes, caciques e índios que ali se reúnem....
Tomei banhos em bicas, regos, córregos, riachos, rios, lagos, lagoas e nas cachoeiras Tororó, Três Quedas, Calango, Santa, Maniratubinha...
Minha bicicleta foi fotografada em lugares que nenhuma outra foi...
Eu vi... Flores, frutos e degustei de vários frutos nativos do cerrado e de plantios abandonados: mangas, poncãs, laranjas, bananas, cajus, gabirobas, pequis, baco-paris, araticuns, cristas-de-galo, sangue de cristo, mangabas, cagaitas, araçá, jacas, muricis, cabos-de-machado e o fruto considerado OURO do cerrado goiano e só existe em Goiás “o BARU”... Muitos desses frutos, não só degustei, eu os comi com muita fome, e horas, com muita sede... Mas alguns até viraram MIRAGEM... por exemplo, uma JACA aberta, você olha e imagina um peito de frango assado e desfiado, aí é só colocar a mão e devorar...
Eu bebi algumas dúzias de cervejas no meio e fim do pedal, passei em botecos e biroscas com nomes, no mínimo, interessantes: “Precisa-se de Clientes” e “Escondidinho”...
Eu consumi algumas dezenas de quilos de macarrão, algumas dúzias de ovos, alguns frangos assados, alguns quilos de carne bovina, umas dezenas de sardinhas e atum, uma dezena de litros de mel, dezenas de litros de isotônicos e centena de litros de água...
Dei centenas de BOM DIAS e fui correspondido por alguns, sempre por pessoas simples e idosas... Quanto mais longe do urbano, mais se encontram pessoas cortês e atenciosas com suas simples atitudes...
Vivi ZEN em muitas trilhas, pedalei por horas e por dezenas de quilômetros em total silencio... hora falando com Deus, hora cuidando de mim, hora cuidando dos filhos, hora cuidando do premio da loteria, hora ouvindo só canto dos pássaros, hora só escutando os pneus da bicicleta moendo as pedras, hora deixando todos os meus sem dívidas e eu também... mas... mas... mas, essas trilhas chegam ao fim e a realidade afora... Mas o papo com Deus!!! fica no coração...
Pedalei no sol escaldante (sensação térmica de 45 graus) das 10, do meio-dia, das 15... na poeira, no frio (sensação térmica de 10 graus), na lama, na chuva, contra o vento...
Percebi que a cada dia, tenho mais medo das descidas...
Encontrou-me com o psicológico bem preparado para empurrar a bicicleta na subida, sem nenhum constrangimento do ciclista que passar por mim, até faço umas fotos deles, claro, nesse momento, faço diversas minhas, enquanto meus pulmões, coração e pernas se recuperam...
Até tentei imprimir um ritmo forte, mas definitivamente, esse esquema não é minha praia, ou melhor, meu pedal...
Falando em praia, lembrei-me da água, sou um consumido nato (bebeu muito nas subidas e tenho a necessidade de sempre ter ela comigo, meu ponto fraco é ficar sem ela, mas é um problema sob administração. Será)...
Vi!!! Mais que a técnica... Mais que a garra... É ter o coração forte e mente concentrada...
Não tenho o D.N. A da velocidade, da coragem nas descidas nem dos ciclistas... Mas adquirir um pedal consistente, uma resistência em pedalar por hora a fio e força para vencer todas as montanhas a minha frente (sei que algumas, não)...
Agradeço as pessoas que convivem comigo, apoiaram nos meus treinos e não pegaram pesado com minha aparência de viver com o rosto sujo...

Agradeço aos AMIGOS E AMIGAS INTERNAUTAS que me acompanham no face book, blog, strava, garmin connect, www.facebook.com\velhochicodebike... Vocês indiretamente, deram-me muita força...

Um agradecimento especial a Regis Benes, o idealizador da Expedição, que prontamente aceitou meu auto convite. Obrigado.

Agora,
o momento é...
Agora,
é em 16 dias...
Agora,
Serão 1600 km...
Na Segunda Etapa...
Da Expedição Velho Chico de Bike...
Deus nos ajude...
Protejam-nos...
AGORA É!
Em 10 de janeiro de 2016, chegar em Ibotirama – BA...
É só enfrentarmos os 16 dias, os 1.600km, restantes para chegar à foz do Velho Chico com o Atlântico...
Confiamos em Deus...
ELE nos protegerá nessa etapa, nos levará com sua benção...
“A manha do bicicleteiro é pedalar a passos de tartarugas, trilhar caminhos longes e desbravar a natureza com atenção aos mínimos detalhes das criações de Deus”...“o Náufrago”12122012...